Lula e Olaf Scholz defendem transição ecológica com justiça social
Líderes de Brasil e Alemanha participam da II Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível e assinam declaração conjunta
Em agenda em Berlim nesta segunda-feira (4/12), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, assinaram declaração conjunta de intenções para realização de projetos que visam, entre outras medidas, uma transformação ecológica socialmente justa, com projetos que gerem emprego e renda no Brasil e ampliem janelas de cooperação entre empresários dos dois países.
Após participarem da II Reunião de Consultas Intergovernamentais de Alto Nível Brasil-Alemanha, os dois líderes fizeram declaração conjunta à imprensa na qual confirmaram o alinhamento em temas diversos. Entre os quais, a promoção de industrialização verde, agricultura de baixo carbono, a bioeconomia e a meta de desmatamento zero até 2030.
Scholz iniciou a fala aos jornalistas destacando a parceria entre os dois países em torno da sustentabilidade e elogiou o empenho direto do presidente brasileiro com a preservação ambiental. “Sob sua orientação, a proteção das florestas se tornou novamente prioridade”, disse.
Ele também defendeu que o processo da transição ecológica resulte em geração de empregos no Brasil, com maior processamento de matéria-prima pela indústria brasileira.
MEIO AMBIENTE - O presidente brasileiro afirmou que os acordos na área ambiental reforçam uma parceria robusta entre os países, que inclui o Fundo Amazônia e outros projetos. Ele explicou ao chanceler as medidas que o Brasil está adotando para zerar o desmatamento e combater ilícitos ambientais e contou que apenas neste ano o desmatamento na Amazônia já reduziu quase 50%.
Para Lula, o acordo assinado hoje é “muito bom para o Brasil, muito bom para a Alemanha, muito bom para a questão ambiental e muito bom para a transição energética que estamos levando muito a sério no Brasil”.
INFORMAÇÃO - Os dois líderes mencionaram tratativas com relação a medidas que reforcem a democracia e o estado de direito. “Concordamos em atuar juntos no enfrentamento às forças antidemocráticas que atuam de forma coordenada internacionalmente e fomentam o extremismo. Esse é o espírito da declaração conjunta sobre integridade da informação e combate à desinformação”, disse Lula.
Ele listou ainda tratativas nas áreas de saúde, ciência, tecnologia e inovação, além daquelas ligadas à agricultura, energia, bioeconomia, meio ambiente e mudança do clima. “A Alemanha é o mais tradicional parceiro do Brasil em matéria de cooperação técnica e financeira. BNDES e banco de fomento alemão vão estreitar ainda mais uma parceria que já dura 60 anos”, disse.
PRESIDÊNCIA DO G20 - Na primeira viagem a um país do G-20 depois de assumir a Presidência do bloco, Lula reafirmou as prioridades da gestão brasileira de combater as desigualdades, a fome, a pobreza e a mudança do clima, além de militar por uma reforma das estruturas da governança global.
Ele voltou a defender novos integrantes no Conselho de Segurança da ONU e disse que o organismo criado no pós-guerra, em 1945, precisa refletir a realidade geopolítica atual e fazer valer as decisões tomadas em grupo, sobretudo as ambientais. O chanceler alemão concordou com a posição brasileira com relação à ONU.
MERCOSUL - UNIÃO EUROPEIA - Os dois líderes também se mostraram alinhados com relação a outros temas, como a busca pela paz mundial, a solução pacífica no Oriente Médio, a criação de um Estado palestino e celebração do acordo União Europeia-Mercosul.
“Num contexto de fragmentação geopolítica, a aproximação entre as regiões é central para a construção de um mundo multipolar e o fortalecimento do multilateralismo”, disse Lula.
O presidente brasileiro disse que continuará trabalhando para que o acordo entre os blocos aconteça, se possível sob a Presidência Pró-Tempore do Brasil, na Cúpula do bloco sul-americano agendada para esta semana, no Rio de Janeiro.
“Sou um homem muito crente. Sou um homem que não desiste. Você está lembrado do slogan do meu primeiro mandato. Sou brasileiro e não desisto nunca. Não vou desistir enquanto não conversar com todos os presidentes e ouvir um não de todos”, disse.